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Na sequência do texto anterior As Culturas nas Escolas – Introdução e antes de descrever e apresentar o estudo anunciado, discutem-se aqui as variáveis que serviram de indicadores à medição das culturas na escola.
A nacionalidade e o país de nascimento são as variáveis mais simples e imediatas que apontam para a cultura subjacente dos indivíduos. A nacionalidade do aluno é o indicador usual registado pela escola. O país de nascimento, que nem sempre coincide com a anterior, põe em evidência os antecedentes dos alunos, revelando assim a presença de outras origens que não a portuguesa. Contribui para este quadro o país de nascimento dos progenitores, que revela adicionalmente os casos em que os alunos, apesar de serem portugueses, possam estar expostos a – e, portanto, adquirir – outras culturas.
Sendo assim, faz-se distinção entre nacionalidade e país de nascimento. A nacionalidade é uma formalidade legal que, por isso, pode ser adquirida posteriormente ao nascimento. Isto significa que uma pessoa pode nascer num país (adquirindo a respectiva nacionalidade), onde necessariamente ficará exposto à cultura local durante a sua formação, e obter, posteriormente, outra nacionalidade. Neste caso, a cultura correspondente à segunda nacionalidade adquirida pode ter uma influência variável no seu comportamento, o que depende de variados factores, os mais óbvios (1) o tempo de permanência no seio da “nova” sociedade e (2) o grau de convívio e participação da pessoa com os membros da “nova” cultura.
Da mesma maneira, um aluno que possua os progenitores nascidos num país diferente encontra-se profundamente marcado pela cultura desse país, que é a prevalecente nas relações familiares, antes (e simultaneamente) de ser exposto e se integrar na cultura do país onde reside, neste caso, Portugal. Por esta razão, conhecer o país de nascimento, tanto do aluno como dos seus pais, é fundamental para saber que culturas se encontram em presença na Escola e, por isso, influenciam o seu ambiente, as suas relações humanas e os seus resultados.
Os próximos textos relatarão a recolha de dados e os respectivos resultados.
Kriolu ka ta prijudica aprendizagi di purtuguês
A propósito da comemoração, no dia 21 do corrente, do Dia Internacional da Língua Materna, a Radiotelevisão de Cabo Verde apresentou o programa Entrevista, que se debruçou sobre o Crioulo caboverdiano e a sua convivência com o Português, língua oficial. A convidada foi a Professora Doutora Amália Lopes, docente na Universidade de Cabo Verde (UniCV). A esse propósito, foi emitida a seguinte notícia, em crioulo no original (ver versão em crioulo):
A Universidade de Cabo Verde vai realizar um conjunto de actividades para não deixar passar em branco o Dia Internacional dedicado a todas as Línguas Maternas.
Assim, a UniCV, dentro das actividades dos cursos de estudos caboverdianos e portugueses, vai promover actividades tal como palestras, conferências, divulgação de trabalhos feitos em crioulo, actividades culturais com o uso da língua, para além de momentos de formação sobre o uso da nossa língua nacional que estão em curso.
Hoje, para além da apresentação do programa, é feita uma comunicação pelo Presidente do Instituto Internacional de Língua Portuguesa, Gilvan Muller, que, de uma forma livre, vai falar sobre “Línguas Maternas num Mundo Multilingue”.
Em relação aos problemas que se enfrentam e que têm impedido o uso oficial da nossa língua materna no ensino, perguntámos à professora Amália Lopes, Doutora em Sociolinguística e Coordenadora da comissão da UniCV que preparou a semana da língua materna, qual é a resposta, mas ela disse que não é fácil responder a essa pergunta.
A Professora Amália Lopes disse que o estudo que fez para o seu doutoramento mostrou que os caboverdianos têm um sentimento confuso sobre o crioulo.
Depois, perguntámos à Professora Amália Lopes se ensinar os meninos na escola em crioulo prejudica a aprendizagem das outras línguas e se causa confusão na aprendizagem da língua portuguesa. Ela disse que isso é uma ideia que se criou, um mito que foi criado, mas que não prejudica o conhecimento de outra língua. A Professora Amália Lopes disse ainda que, se prejudicasse, então ninguém aprenderia uma segunda língua
Ela apontou que tudo depende da forma e da metodologia que forem usadas. A Professora Amália Lopes disse ainda que não devemos nunca pensar que se na escola se ensinar em crioulo, os meninos ficam prejudicados na aprendizagem do português.
A apresentação do programa sobre a semana da língua materna e a palestra sobre “As Línguas Maternas num Mundo Multilingue” acontecem hoje no Campus da UniCV, no Palmarejo.
Fonte: Redacção RTC, com RCV (Anatólio Lima)
Tradução do Crioulo: Maria E. Catela
M. C.
MC 22 Feb 12
O Crioulo não prejudica a aprendizagem do Português
A propósito da comemoração, no dia 21 do corrente, do Dia Internacional da Língua Materna, a Radiotelevisão de Cabo Verde apresentou o programa Entrevista, que se debruçou sobre o Crioulo caboverdiano e a sua convivência com o Português, língua oficial. A convidada foi a Professora Doutora Amália Lopes, docente na Universidade de Cabo Verde (UniCV). A esse propósito, foi emitida a seguinte notícia, em crioulo no original (ver versão em português) que aqui se transcreve:
Universidadi di Cabo Verde sta bem realisá un conjuntu di atividadis pa ka dixá pâsá en branku Dia Internasiunal dedikadu a tudu Língua Maternu.
Asin, UNI-CV dentu di atividadis di kursus di studu kabuverdianu i português, ta bem prumuvê atividadis moda palestras, conferênsias, divulgasón di trabadjus fetu na kriolu, atividadis kultural ku usu di língua, para além di momentus di treinamentu na usu di nós língua nasional ta ser fetu.
Oji, para além di aprisentasan di programa ta ser fetu un comunicasan pa Presidenti di Institutu Internasional de Língua Purtuguesa, Gilvan Muller, ki di forma à vontadi ta ba papiá sobri “Línguas maternu num mundo Multilingue”.
En relasan a prublemas ki ta infrentadu i ki ten impedidu usu ofisial di nós língua maternu na ensinu nu praguntâ profisora Amália Lopes, Dotora en Socio-linguística i Cordinadora di kel komisan di UNICV ki sta preparâ simana di língua maternu kal ke resposta i el fra ma ê ka fásil raspondê es prugunta.
Profisora Amália Lopes ta fra ma studu kê fazi, pa sê doctoramentu, ta mostrâ ma kabuverdianus ten un sentimentu confusu sobri kriolu.
Du praguntá profisora Amália Lopes si xinâ minis na scola na kriolu ta prejudiká aprendisagen di otus língua i kausa konfusan na aprendisagen di língua português, el ta fla ma keli ê stória ki kriadu, un mitu ki foi kriadu i el fla ma ê ka ta prijudika conhesimentu dotu língua. Profisora Amália Lopes fla ma sel ta prejudikaba, nton ninguén ka ta prendeba un sigundu língua.
El fla ma tudu ta dipendê di forma i metudologia ki for usadu. Profisora Amália Lopes fla inda ma nu ka debi nunka pensâ ma si na skola for enxinadu na kriolu ma minis ta fikâ prejudikadu na aprendisagen di língua português.
Aprisentasan di programa sobri simana di língua maternu i palestra sobri “As Línguas Maternas num Mundo Multilingue” ta konticê oji na Kampus di UNICV na Palmareju.
Fonte: Redacção RTC, com RCV (Anatólio Lima)
M. C.
MC 11 Mar 11
Um João de 30 anos, emigrante algures na Europa Central, deixou no Económico online (Portugal) de hoje um conselho sábio às novas gerações portuguesas, que se auto-denominam Geração à Rasca. O artigo que o provocou intitula-se O que as empresas procuram nos jovens à rasca, que reza como segue:
O que as empresas procuram nos jovens à rasca
Cátia Simões e Mónica Silvares
Aptidões certas, trabalhar em equipa, adaptação a novas áreas, mobilidade, responsabilidade é a resposta.
"Nós, desempregados, ‘quinhentos-euristas' e outros mal remunerados, escravos disfarçados, subcontratados, contratados a prazo, falsos trabalhadores independentes, trabalhadores intermitentes, estagiários, bolseiros, trabalhadores-estudantes, estudantes, mães, pais e filhos de Portugal." Assim começa o manifesto da "Geração à rasca" que sai à rua amanhã para fazer ouvir o seu descontentamento. Um descontentamento que o Presidente da República apoiou com o seu apelo ao "sobressalto cívico".
"Façam ouvir a vossa voz. Este é o vosso tempo", disse Cavaco Silva, no seu discurso da tomada de posse. Com 276,7 mil jovens no desemprego, em 2010, mais 10,06% face ao ano anterior, a pergunta é: o que procuram os empresários nos jovens no momento de contratar? Aptidões certas, capacidade de trabalho em equipa e de adaptação a novas áreas, mobilidade geográfica e sentido de responsabilidade foi a resposta que o Diário Económico recebeu de empresários e empresas de recrutamento.
Mais do que o artigo, foram as palavras do João que me tocaram, pois a atitude generalizada dos jovens universitários de hoje é por demais passiva: sentam-se diariamente nos bancos das aulas, à espera de, com muito pouco esforço, assimilar os conhecimentos que lhes irão garantir – sublinho garantir – um emprego no final dos estudos.
Seria bom que fosse assim tão simples. Talvez no futuro venha a ser ideado algum aparelho que debite conhecimentos enquanto dormimos, de forma a termo-los incorporado no processo. Ou seja, adormecemos ignorantes e acordamos sábios. Que prático e eficiente! Só que nem isso conseguiria fornecer outras – importantes – características que se devem adquirir no processo dos estudos: características de atitude e de carácter, experiências de trabalho em equipa, aplicações práticas dos conhecimentos e uma miríade de tantas outras coisas que são aquelas que afinal formam um ser humano. E que, pelos vistos, são aquelas que as empresas procuram…
Uma pergunta que decorre destas exigências é Até que ponto estão as instituições de ensino preocupadas em assegurar que, paralelamente aos conhecimentos, os jovens obtenham as características de um bom profissional? Talvez, não muitas. Da própria pergunta resulta, por seu lado, que será preciso definir o que é ser “bom profissional”, para o que o artigo de hoje dá algumas respostas.
Voltando à questão inicial, sobre a passividade dos estudantes face à vida – parece que a luta deixou de fazer parte da sua agenda – recomenda o emigrante João:
“Deixo um conselho às gerações entre 18 e 25 anos:
Não tomem como garantido que o Ensino vos vai dar um trabalho, não esperem ficar mais inteligentes ao fim de cada dia na faculdade/trabalho. Vocês têm que procurar a diferença em vocês próprios! O que se estuda e trabalha entre os 16 e 24 anos vai definir o quão grande a vossa porta do futuro pode ser (e há sempre tempo de corrigir o destino nestas idades!). Mas essa porta não vai ter convosco, têm de a procurar, várias vezes até encontrar a vossa porta.
Uma das maiores gratificações de trabalhar no estrangeiro é chegar à conclusão que o Mundo não pensa como um só País (podia ser Portugal, Espanha, França, etc...). Há diferenças, umas boas outras más, onde qualquer um pode triunfar. CONTUDO, em Portugal existe também oportunidade.
Quem tiver a oportunidade de "ir para fora" bem novo voltará com olhos mais abertos e pronto a mudar as coisas em Portugal. Educação não é sentar-se numa sala de aula à espera de ser educado. Educação é acordar, decidir, agir com respeito ao Mundo e condições em que vivemos! Mexam-se, procurem estágios, desafiem limites e medos, não cruzem os braços!
A porta não vem ter com vocês, se a procurarem bem vão encontrá-la.
Um bem-haja a todos.”
Sábias palavras, João! Oxalá haja muitos jovens a lê-las.
MC 24 Jul 10
Fernando Pessoa tinha a sua filosofia de como ser feliz. Compartilho-a convosco. Talvez possamos encontrar aqui alguma inspiração.
Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes,
mas não esqueço de que minha vida é a maior empresa do mundo.
E que posso evitar que ela vá à falência.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise.
Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e
se tornar um autor da própria história.
É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar
um oásis no recôndito da sua alma.
É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.
Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos.
É saber falar de si mesmo.
É ter coragem para ouvir um 'não'.
É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.
Pedras no caminho?
Guardo todas, um dia vou construir um castelo...
Fernando Pessoa
(Lisboa, 13 de Junho de 1888 - Lisboa, 30 de Novembro de 1935)