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MC 31 Oct 11
VERDADE
A porta da verdade estava aberta,
mas só deixava passar
meia pessoa de cada vez.
Assim não era possível atingir toda a verdade,
porque a meia pessoa que entrava
só trazia o perfil de meia verdade.
E sua segunda metade
voltava igualmente com meio perfil.
E os meios perfis não coincidiam.
Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.
Chegaram ao lugar luminoso
onde a verdade esplendia seus fogos.
Era dividida em metades
diferentes uma da outra.
Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.
Nenhuma das duas era totalmente bela.
E carecia optar. Cada um optou conforme
seu capricho, sua ilusão, sua miopia.
Carlos Drumond de Andrade (Brasil, 1902-1987)
Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido. Eu não: quero uma verdade inventada.
Clarice Lispector (1920 - 1977), escritora brasileira de origem judia nascida na Ucrânia.
MC 25 Sep 11
Uma partilha caboverdiano-brasileira da primeira música da Cesária gravada em disco, inserido no espectáculo Atlântico, em Portugal.
A arte e a criatividade emocionam-me sempre...
MC 19 Sep 11
Num mundo completamente submetido às andanças da Economia, nós, os leigos desta ciência, temos muita dificuldade em nos mantermos à tona no que toca os seus processos e nomenclatura. Mas, pior, sentimos que somos subjugados pela sua dinâmica e ficamos à toa, inferiorizados, suplantados e arrastados pela força de quem os domina. Não acham que já é altura de a escola assumir este conhecimento e fornecer instrumentos para que esta inferioridade não se perpetue? Afinal, e sob o ponto de vista da própria Economia, cada um de nós é um elemento de produção, logo um elemento da cadeia económica mundial. Se compreendermos os fundamentos da Economia, poderemos para ela contribuir de uma forma mais eficiente – e, também, acabar com essa situação de sermos abalroados por ela. Talvez a situação de crise generalizada do mundo de hoje não tivesse acontecido!
Ora, Mara Luquet, jornalista e escritora brasileira da área económica, foi sensível a esta questão e, se assim o pensou, melhor o fez: criou a Bicholândia, recheada de habitantes com um bom punhado de profissões e diferentes contribuições para a dinâmica económica da comunidade. Ele há a Formiga Emília empresária, a Cigarra Nara cantora, a Joaninha Aninha assalariada, a Lagarta Marta advogada aposentada, a Galinha Binha industrial, a Ratazana Luciana gastadora (de profissão indefinida), o Tatu Arthur banqueiro, a Mariposa Meire correctora de valores e o Galo César avançado centro do Bicholândia Futebol Clube, apaixonado pela D. Binha. Pois é, também tem enredo…
A D. Binha, que não põe os ovos todos no mesmo cesto...
ou seja, diversifica os investimentos.
E no percurso, vai-se falando de mercadoria, investimentos, inflação, empréstimos e taxas de juros, capital, falência, acções, ganhos, bolsa de valores, riscos, diversificação e fundos de investimento, lucros e dividendos, poupança e, também, globalização. Enfim, de uma forma lúdica, divertida e muito clara, são apresentados os fundamentos da Economia.
Como eu dizia, uma abordagem incontornável a fazer às crianças. Porque é de pequenino… que se criam adultos economicamente responsáveis!
Sobre A Formiga Emília e a Economia (2001), de Mara Luquet.