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Reflexos

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A multiculturalidade é um fenómeno actual nas escolas europeias, dada a grande movimentação de migrantes de todas as origens, em todas as direcções: quer entre países do espaço europeu, agora alargado aos países de leste, quer de países de outros continentes. A comunidade africana, isto é, o conjunto de emigrantes provenientes deste grande continente que é a África, é uma das mais marcantes, dado o seu elevado número. Ela está presente em praticamente todos os países europeus. É também significativa, nuns países mais que noutros, a presença de emigrantes da América Latina – em Portugal, brasileiros, em Espanha, naturais dos países de língua castelhana.

Num estudo que fiz na Escola Secundária de São João do Estoril, em Portugal, numa localidade perto de Lisboa com uma alta taxa de estrangeiros – residentes e turistas – em que uma boa fatia dos residentes pertence à classe média alta, encontrei, mesmo assim, uma notável diversidade quanto à origem dos seus alunos. Disto vos darei notícia num próximo artigo.

Em Cabo Verde, não se fala ainda de multiculturalidade. Isto porque não são identificados nas escolas, de uma maneira consciente, quaisquer alunos de origem não-caboverdeana. Não porque não existam, mas porque não é ainda uma questão pedagógica a sua inclusão. Está-se ainda na fase, que a Europa já viveu, em que se espera que qualquer estrangeiro se integre por si na cultura dominante. Não quer isto dizer que a sociedade em geral não esteja consciente de que existem estrangeiros no seu seio, mas não é sua preocupação, por um lado, que eles não se consigam integrar sem ajuda e, por outro, que eles possam interferir – ou intervir – na evolução natural dessa sociedade, sempre dentro dos parâmetros culturais conhecidos e tidos como caboverdeanos. A verdade é que, para além de um proporcionalmente pequeno grupo de portugueses, mais ou menos diluídos no tecido social local, e do grupo ainda menor dos estrangeiros abrangidos pelas designações genéricas ocidentais e orientais, existe um número crescente de imigrantes do continente (africano), que a sociedade, a espaços, já vai determinando como alarmante. O fenómeno do alarme surge, normalmente, quando se receiam interferências na cultural ou na economia local e estas se vêem como ameaças.

Tenho procurado estudos sobre o assunto (imigração em Cabo Verde) e, até agora, não encontrei. Tive apenas conhecimento de uma tese em curso que aborda uma parte do problema. Em contrapartida, existem muitos estudos em Portugal sobre os imigrantes caboverdeanos, entre outros. Vejam, por exemplo, a página Imigrantes, que dá uma boa ideia do fenómeno no país. O facto de não haver dados sobre os imigrantes em Cabo Verde é sintomático de que o fenómeno ainda não se tornou numa preocupação que mereça ser registada, analisada, enfim, estudada. As estatísticas do Instituto Nacional de Estatísticas de Cabo Verde sobre Migração não o refere, as estatísticas da Educação não o contemplam. Estou curiosa e ansiosamente a aguardar o próximo Censo de 2010 para, espero, poder recolher esses dados.

1 comentário

De Adilson a 13.12.2010 às 11:42 pm

Olá. Tenho acompanhado o seu blog e os assuntos abordados são importantes e demonstram
o seu interesse pelo desenvolvimento do País. Realmente temos as nossas lacunas, na educação
e sei que são muitas. Mas estamos num percurso e somos um país bastante jovem, que esta a progredir. A inexistente de dados relativamente a imigração em Cabo Verde, e em outras áreas, é típico do país, devido a vários factores que são óbvias. Mas estou confiante que as coisas vão melhor!

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Maria Catela

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"A memória é a consciência inserida no tempo." Fernando Pessoa

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  • Claudemir

    Olá ProfessoraGostaria de enviar-te um e-mail com ...

  • João Sá

    Bom dia :)O blog está em destaque na homepage dos ...

  • M.E.C.

    Olá! Que bom - toda a divulgação é uma ajudinha......