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MC 10 Jun 10
É hoje em dia evidente que o ambiente cultural das escolas se modificou com o incremento verificado nas últimas décadas no movimento migratório em Portugal. É assim que existem hoje neste país escolas com uma notória fatia de alunos com origens culturais e étnicas diferentes, às vezes com vincadas dificuldades de integração, que têm mesmo originado intervenções específicas por parte do Ministério da Educação ou da própria escola, com projectos de integração dos alunos na demais massa estudantil e na cultura portuguesa prevalecente na escola (ver ENTRECULTURAS – Educação Inter-cultural).1
De um modo geral, as escolas não apresentam situações-limite de desadaptação dos alunos devida a choque cultural, parecendo aqueles já se encontrarem mais ou menos familiarizados com a cultura portuguesa e o seu regime escolar. Esta aparente homogeneidade pode, contudo, tornar-se perigosa, no sentido em que leva a presumir – porém, sem evidências – que os alunos se encontram integrados, quando ela pode apenas resultar de uma adaptação superficial que permita aos alunos lidar com a escola minimamente. Mas não será nosso objectivo, como pedagogos e pais, que os alunos lidem com a escola na plenitude das suas capacidades?
A situação da presença de alunos com origens diferentes ou pertencendo a famílias com diferentes culturas é, por outro lado, uma riqueza para a escola, uma vez que é uma oportunidade favorável para aumentar o conhecimento dos alunos (e dos professores) sobre outras culturas do mundo e, através dele, contribuir para assegurar a presença dos valores solidários. Porque é também esta a função da escola: propiciar a aquisição de valores civilizacionais que permitam um contacto válido com o resto do mundo e a sua enorme diversidade cultural, contacto este hoje incontornável.
Este questionamento levou à realização de um estudo, cujo foco foi, precisamente, a presença da multiculturalidade no corpo discente, ou seja, o peso das culturas que, para além da portuguesa, estão presentes nos alunos de uma escola do Estoril, arredores de Lisboa, em Portugal. Deste estudo se dará conta proximamente.
1 Para efeitos deste estudo, considera-se existir uma “cultura portuguesa”-tipo, que enforma a escola, em relação à qual se contrapõem outras culturas relacionadas com as regiões geo-políticas do globo (ver adiante). Não se aborda aqui outro tipo de cultura, como seja a relacionada com etnias, classes sociais ou outras.
Cumprimentos!